E quem é Luciana Camelo?
Mãe, filha, irmã, esposa, publicitária, empreendora e imigrante. Uma mulher que, ao mudar de país e se apaixonar por sua nova vida, tranformou em missão ajudar outras pessoas a descobrirem todas as maravilhas de imigrar para Portugal.
Os primeiros passos em direção ao outro lado do Atlântico.
Sabe aquilo de “a grama do vizinho é mais verde”? Pois é, era meu sentimento em relação a quem morava fora do Brasil. Ficava acompanhando a experiência dos amigos com a imigração, confesso que até com certa inveja, mas faltava coragem para dar um passo como esse. Sair do Brasil. Deixar tudo para trás. Deixar família, amigos, trabalho, restaurantes favoritos, praia de águas mornas, carangueijo, caldinho e água de coco.
Vejam bem, diferente de muita gente que passa aperto de verdade no Brasil eu não passava exatamente perrengue. Tinha um bom emprego, morava bem, casamento sólido, filhos educados e uma rede de apoio composta de pais amorosos, amigos e família presente. Mas ainda assim, igual a muita gente, vivia com um constante aperto no peito, um medo em relação ao amanhã. E nem falo da situação econômica do país, que já era caótica, mas da capacidade de sonhar com um futuro melhor, mais tranquilo.
A vida sempre acelerada para poder pagar as contas. O medo constante de sair na rua – pouca gente sabe mas, depois de ter meu carro levado sob a mira de um revólver e ter lutado para não ser levada junto, passei meses deprimida e sem sair de casa -, aquilo de entrar no carro correndo e nem colocar o cinto direito com medo de um assalto, a falta de tranquilidade toda vez que meu filho saia de casa ou que meus país se deslocavam da cidade deles até a minha. Hoje eu sei, eu não vivia, eu sobreviviva. E sobrevivia com medo.
O primeiro contato com Portugal.
Minha primeira experiência com o chamado primeito mundo foi bem “sonho de classe média”. Juntamos a família e fomos à Disney. Lembro de ter ficado impressionada com tantas coisas diferentes. Com a segurança, com o trânsito, com a limpeza das ruas, com a qualidade das estradas e, lembro bem, com ver tanta gente da melhor idade trabalhando, sempre com sorrisos nos rostos. Era abril de 2019 e voltar ao Brasil me deixou com um sentimento amargo. Sim, eu amo Recife, amo meu país, mas é difícil aceitar a situação do Brasil, de Pernambuco e de Recife. Mal sabia eu que, ainda em 2019, eu iria cruzar o Atlântico, conhecer Portugal e, mais uma vez, mergulhar em uma realidade diferente da minha até então.
Tudo começou com meu marido indo, a trabalho, para o Web Summit (um grande evento de tecnologia e inovação) em 2018. Ele voltou falando maravilhas de Portugal. Não dei muita bola, afinal ele sempre foi muito exagerado mesmo, mas, ainda em Orlando ele me cutucava e dizia “você vai gostar ainda mais de Lisboa”. E eu lá sabia quando iria a Lisboa, oras! Eis que, em outubro de 2019, ele chega em casa e me diz: “Quer ir pro Web Summit comigo? Enquanto eu trabalho, você passeia. Quem sabe se anima para mudar de ver para lá!”. O tom era de brincadeira. Ao menos eu achava. Topei, claro. Lá vamos nós dividir passagem em X mil vezes e embarcar para Portugal. 30 de outubro de 2019 pisei a primeira vez em terras lusitanas.
Mas vamos um pouco para trás.
Antes de falar de meu encanto por Lisboa acho bacana falar um pouco sobre o meu background – chique, né? Meu marido diz que me conheceu riponga, usando brinco de pena e bolerinho de linha. Eu tinha 21 anos, gente! Estudante de publicidade, encantanda com a vida! Eu morava no Janga, em Paulista, uma cidade ao norte de Recife, onde estudava. Ali no que chamamos de região metropolitana, mas que não tinha nada de “perto”. Fui mãe cedo, tive meu cabrito com apenas 17 anos. Fiz o terceiro ano grávida, não foi fácil. Graças a ajuda de minha mãe, meu exemplo, e de meu pai, meu herói, pude frequentar e terminar a faculdade. Todo dia passava 3 horas de ônibus e rodava quase 60km para poder estudar. Pois é, não passei necessidade mas não tive vida fácil.
Quando me formei fui trabalhar na área. Mídia, vejam só. De casa para o trabalho eram 28km. Ia e voltava quase todo dia – as vezes, muito raramente, dormia no apto de Eden, na época meu namorado. O tempo passou, o namoro acabou, a vida seguiu. Fui desencantando do mercado publicitário e me encantando por áreas onde eu podia ajudar as pessoas. Descobri que era isso que me movia. Foi assim que, vejam só, migrei para a área de RH e treinamentos. Depois de anos reencontrei Eden, que estava morando em São Paulo. Cai no golpe do “precisamos conversar, precisamos de um fechamento” e em uma das visitas dele ao Recife nos reconectamos. Foi na escada rolante do aeroporto que ele soltou, de surpresa, um “vem morar comigo em São Paulo”. E eu, doida, fui.
Acho que essa experiência serviu para “engrossar o couro”. Foi a primeira vez que morei longe da família. Que saí de fato de Recife. E foram anos incríveis. Fizemos amigos, criamos laços, adotamos Caramelo – nosso Golden -, Manolo e Tapioca – nossos gatos -, meu enteado se mudou para morar conosco e engravidei novamente. Foi na sequência que mudamos para Brasília. Um dia conto a aventura que é mudar, em um Uno, estando grávida, com um golden, dois gatos e um marido piadista. E tome estrada até chegarmos em nossa nova casa. Novos amigos, novas aventuras. A vó de Eden morando conosco, mais um gato adotado, um coelho, raios explodindo eletrodomésticos, a cabrita nascendo prematura depois de uma gravidez de risco, meu cabrito – que tinha ficado com meus país – indo morar conosco. Vida agitada? Vocês não fazem ideia.
Até que voltamos ao Recife. Eden estava viajando muito e estava pesado para mim segurar as pontas de toda essa turminha do barulho sozinha na capital do país. E, vou confessar, sentia falta da família, da praia, das comidas gostosas… do lar, sabe? Mas, infelizmente, Recife é quase uma zona de guerra. Voltar foi… agridoce. Voltemos a história sobre a ida à Portugal….
Portugal, amor a primeira vista.
A primeira experiência em Lisboa foi basicamente turistica. Eu não sabia como era viver ali. Para mim Lisboa era uma cidade imensa, cosmopolita, apenas mais bem cuidada, mais bonita, mais cheia de história do que as que conhecia. Peguei metrô, conheci pontos turísticos, me acabei nos doces enquanto o marido estava no Web Summit. Lógico, a cidade é encantadora. Comida maravilhosa, vinhos mil e pessoas agradáveis por todos os lados. Mas sabe o que mais me surpreendeu? Eu conto.
Uma amiga morava em Setúbal, uma cidade vizinha à Lisboa, e me convidou para visitá-la. Depois de passeio bacana para chegar lá almoçamos um sushi maravilhoso – que me deixou boquiaberta por ser tão melhor e mais barato que os que comia no Brasil – e fomos jogar conversa fora na beira de um cais. Eu conversava com ela e mexia no celular quando vi, de relance, dois rapazes se aproximando. Guardei o celular assustada só pra ouvir minha amiga rindo. “Lu, relaxa, não precisa se preocupar com isso aqui”. Não relaxei, mas fiquei intrigada.
Na noite seguinte saí para jantar com Eden. Comemos como um rei e uma rainha e voltamos caminhando, após as 23h. Eu disse a ele que queria ligar para meus país, “liga, oras”, ele me disse. Ligar? Na rua? De noite? Ah, esse sujeito está maluco, pensei. Acreditem, a ficha ainda não tinha caído. Ele me mostrou famílias caminhando, usando seus celulares. Gente sentado em bares com seus notebooks. Pessoas sacando dinheiro em plena rua, próximo da meia-noite. Tudo aquilo me parecia muito surreal.
Eu ainda pensava nisso, nessa vida tão diferente, quando, no outro dia, vimos uma professora do ensino público levando uma turminha de 25 alunos, todos de coletes com faixas refletoras, para brincar em uma pracinha. Aquilo era tão, mas tão longe de minha realidade…
E ele me fez uma proposta que eu não pude recusar.
A verdade é que essa viagem tinha sido um balão de ensaio. O marido tinha submetido um projeto ao IAPMEI, em busca do Startup Visa, e o projeto havia sido aprovado. Com isso ele e os sócios receberam a oportunidade de tirar o visto de empreendedor e mudar para Portugal. Logo que chegamos da viagem ele fez a proposta quase indecorosa: vamos mudar para Portugal? Você está achando que eu gritei “só se for agora”, né? Não.
Sim, eu entendo você. Não é fácil. Eu passei algum tempo pesando os prós e contras. Como seria o mercado de trabalho lá? E a escola da cabrita? Como meu filho iria se adaptar? E o tempo? Faz frio? Calor? Será que sofrerei preconceito? E meus amigos e amigas? E meus pais? E os pais de Eden? Eu estava cheia de dúvidas e inseguranças quando comecei a fazer o que acho que você está fazendo aqui: pesquisar sobre como seria essa mudança. Achei centenas de blogs, achei coachs, gente querendo ajudar e muitos picaretas. Deu trabalho separar o joio do trigo, não vou mentir. Mas em algumas semanas conversamos com a família. Estavámos decididos. Iriámos mudar. Começamos a vender as coisas de casa, compramos passagens, passamos a estudar as cidades onde poderíamos morar, avisamos ao proprietário do apartamento que iríamos entregá-lo (era alugado) e fomos ficando cada vez animados. Até que chegou a pandemia e nossos planos foram por água abaixo.
Para tudo!
Já havíamos avisado da entrega de nosso apartamento, já havíamos tirado a cabrita da escola, já havíamos vendido o carro e estavamos “presos” em Recife. Mudamos para outro apartamento, muito menor, na esperança que as fronteiras abrissem logo. Lógico, não foi assim. Depois de muito tempo avisaram que iriam abrir. Tudo certo. Visto do marido na mão. Passagens remarcadas e… fronteiras fechadas de novo. Para terem ideia cancelamos as passagens seis vezes antes de embarcamos. Terminamos indo, puxando o cachorro e a carroça, para a casa de meus pais. Eu, marido, cabrita e cabrito dormindo em quarto improvisado. Foram três meses divertidos, foi bom curtir a família tão “perto” de ir embora. Ficamos lá até a fronteira abrir e finalmente podermos embarcar.
Lembro o dia em que a van foi nos pegar para nos levar ao aeroporto. Que difícil. Quem não chorava segurava o choro. Eden com o coração na mão por deixar Caramelo, que deve chegar nos próximos meses, e o filho mais velho do primeiro casamento, meu enteado, – que não quis mudar – em Recife. Eu já com saudade de meus país, minha irmã, minha tia e todo o resto da família. A cabrita, coitada, em um misto de animação e pesar que dava dó, quase dando curto na sua cabecinha. Colocamos as 12 malas gigantes na Van e partimos.
Tchau, Brasil-sil-sil-sil!
A viagem foi tranquila, o processo de entrada na imigração também. Eden estava bem orientado, com todos os documentos em mãos. Logo estavamos recolhendo as malas e as carregando em uma van que alugamos no aeroporto de Lisboa. Depois de 8h de vôo e mais tantas horas entre desembarque e imigração, estávamos na estrada. E que estrada. Um TA-PE-TE. Foram 3h40 para chegarmos em Braga. Nosso novo lar.
Sim, Braga foi a cidade escolhida e eu passei pelo processo de relocation! E o responsável por ele foi meu professor, Giovanni Oliveira. Ele nos ajudou a encontrar nosso apartamento. Chegamos com apartamento alugado, luz, água e gás instalados. Vocês acreditam que quando descarregávamos as malas na calçada eu ainda estava com a cabeça no Recife? Para mim alguém ia passar por ali e levar nossas coisas! Subimos as malas, fomos ao mercado, fizemos compras (lembro de ter ficado encantada com a qualidade das frutas e verduras) e começamos a nos acomodar. Era maio, ainda estava frio (quatro graus para uma pernambucana?!), e teve todo um processo de aprender a usar o aquecedor central, comprar roupas mais quentes e entender a dinâmica da nova cidade, mas, confesso, foi tudo muito rápido e simples.
E porque Braga?
O lado positivo da pandemia – se é que posso dizer algo assim – foi que tive muito tempo para pesquisar. Não queria morar em Lisboa, é linda, mas, como disse antes, cosmopolita demais. Eu queria mudar de vida. Comecei a pesquisar outras cidades. O objetivo era uma vida mais tranquila E mais barata. Descobri que fugindo de Lisboa e Porto, indo mais para a periferia, aluguel ficava até 40% mais barato. Como o Porto é um polo tecnológico fazia sentido morar nas próximidades e assim meu marido optou por abrir a empresa lá. Aí ficou mais fácil. Vila Nova? Matosinhos? Guimarães? Famalicão? Barcelos? Braga! Ou Braguil, como chamamos. Com quase 40 mil brasileiros, cerca de 200 mil habitantes, a cidade une o melhor de uma grande cidade e de uma vila de interior. É possível cruzar a cidade em 10 minutos, dá para ir a todo canto de bicicleta ou caminhando, não tem metrô mas tem ótima cobertura de ônibus eletricos, tem trem para todo lugar e fica a menos de 40 minutos (48km do Porto) e apenas 3h30 de trem de Lisboa. Para quem levava 1h30 para percorrer 12km nas ruas cheias de crateras de Recife aquilo era um sonho. Estudei as escolas, zonas comerciais, trânsito e o que mais pude – e foi um grande aprendizado, o primeiro -, até escolher onde morar. E, vou contar para vocês, acertei em cheio. Braga é apaixonante.
Em 2021 tive oportunidade de ir para Lisboa com a família enquanto Eden, mais uma vez, participava do Web Summit, dessa vez como expositor. Tivemos alguns dias de passeios, maravilhosos, mas eu ficava o tempo todo em voltar para “minha casa no interior”. Incrível como me adaptei com a nova vida mais tranquila, sem trânsito, sem violência ou medo. Ah, quem estou querendo enganar?! Incrível nada. Incrível seria não me adaptar, não é verdade?
E segui meu sonho, me tornei uma profissional de relocation.
Lembram que disse que me descobrir ao ajudar outras pessoas? Bom, tão logo me ajustei comecei a receber uma enxurrada de contatos de gente querendo se mudar para Portugal, querendo saber como fiz, o que fiz, quem me ajudou. E, não vou mentir, estava tão feliz em meu novo lar, tão realizada e encantada com tudo – com a escola maravilhosa da cabrita, com a queda absurda de custo de vida que tivemos, com a melhoria incrível da qualidade de vida e tudo mais – que queria a mesma coisa para todo mundo que me pedia ajuda. Daí para começar a trabalhar com isso foi um pulo. Fui trabalhar com Giovanni, que me recebeu maravilhosamente bem e me ensinou o que podia. Como escolher e avaliar os imóveis, como negociar preço, todo o processo burocrático, do aluguel ou compra até ajudar na retirada de documentação. Em um ano ajudei mais de 50 famílias a se mudarem. Visitei centenas de imóveis. Conheci dezenas de cidades. Criei um netowork fantástico que faz com que imóveis sejam apresentados a mim antes mesmo de serem anunciados. A experiência de meus clientes foi tão boa que começaram a me indicar com frequência e isso me fez ver que ainda havia muito mais a ser feito. Hoje mantenho uma parceria com Giovanni, mas gerencio minha própria carteira de clientes.
Foi assim, para proporcionar a outras pessoas a experiência que eu tive, que passei a me dedicar a escrever esse blog, alimentar o Instagram e trabalhar com relocation aqui em Portugal. Trazer um quê de realidade as milhares de dúvidas que as pessoas que sonham com uma vida melhor aqui tem. Sem fantasias, promessas mirabolantes e indicações furadas.
Fiz e faço isso sabendo da importância que tem esse trabalho, afinal eu estive do outro lado. Eu tive todas as inseguranças possíveis. Sofri com a mudança. Sonhei com a mudança. Senti saudades. Me enchi de esperança. Contei moedas e soube, o tempo todo, o quão importante aquele passo seria para minha família. Sei o quão importante ele é para as famílias de quem me contrata.
E é isso. Essa sou eu, Luciana Camelo. Mãe da cabrita e do cabrito. Que aguenta Eden há mais de uma década. Filha apaixonada. Irmã orgulhosa. Amiga leal. Ex-publicitária, empreendedora e empresária. Uma pessoa que, a partir de uma mudança, resolveu mudar a vida de várias outras.
Meu trabalho
Meu trabalho atual é dar a brasileiros e outros imigrantes suporte para que possam se mudar com segurança. Esse é o melhor resumo que posso fazer. O volume de imigrantes está tão alto – e isso tem impactado o mercado de forma agressiva – que recebo dezenas solicitações mensalmente. E não funciono assim. Meu foco não é volume, é qualidade. Como disse, entendo a insegurança gerada por todo esse processo de imigração e sei que cada família precisa que suas necessidades sejam tratadas com a atenção e carinho que merecem. E isso é impossível quando se atende uma dezenas de contratos ao mesmo tempo. Não é o que faço.
Meu trabalho é mais humanizado, um-a-um, dedicando tempo e atenção a cada uma dessas famílias, não só para resolver seus desafios da melhor forma possível mas para dar alguma orientação e segurança. Atualmente atendo entre 3 a 4 famílias simultaneamente, o que permite oferecer a qualidade de atendimento que sei ser importante.
E o que Luciana Camelo faz, afinal?
- Relocation (aluguel)
- Compra e venda de imóveis
- Repasses de ponto (aquisição e venda)
- Retirada de NIF
- Abertura de conta bancária
- Transfer de passageiros
- Primeira limpeza do imóvel
- Contratação de serviços
- Recebimento de entregas
- Primeiras compras